quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Cânticos da Caverna parte 4 (Salmo 57): A Turma de Adulão

A introdução do salmo informa que Davi o escreveu "quando fugia de Saul, na caverna."  É provável que tenha sido a caverna de Adulão (I Samuel 22:1-5), onde Davi iniciou sua carreira de “discipulador de bandoleiros”. A ele se juntaram todo tipo de gente com problemas que você possa imaginar! Não bastasse sua vida de fugas e sobressaltos, agora ele se tornou o chefe de 400 homens com nome sujo no SPC, Polícia Federal, sogros bravos, credores furiosos.

Quando se sentam para uma refeição improvisada, o equivalente ao brasileiríssimo cafezinho, lá no fundo da caverna úmida e escura, os novos e únicos amigos de Davi esperam que ele lhes diga alguma coisa. Eles se reúnem em volta do futuro rei de Israel, ajeitam-se amontoados e fazem um silêncio reverente. Davi pega sua harpa e começa a tangê-la. E o seu canto é surpreendente para o momento que todos vivem:

“Firme está o meu coração ó Deus, o meu coração está firme; cantarei e entoarei louvores. Desperta ó minha alma! Despertai lira e harpa! Quero acordar a alva. Render-te-ei graças entre os povos; cantar-te-ei louvores entre as nações”.
Como é que alguém poderia cantar isso numa situação daquelas? E qual o impacto que isso deve ter causado na vida e no moral daqueles homens que se refugiaram na caverna de Adulão, fugindo de seus problemas e crises pessoais?

Davi pede para ficar “debaixo das asas” de Deus (v.1). Que imagem linda de proteção e cuidado! Uma ave aninhando seus filhotes em meio a uma tempestade passa sempre a ideia de paz em meio ao caos. É assim que Davi se sente: “só até a calamidade passar”.

Mais uma vez, ele reconhece que sua situação não é das melhores (v.2-4). Ele depende do livramento do Senhor, caso contrário sua vida estará em risco. Seus inimigos não lhe darão trégua. Ele os descreve como homens ferinos e maus, que não teriam dúvida em apelar para a violência para eliminá-lo do cenário.

Em meio a seus problemas e angústias, Deus continua sendo seu tema principal. Um Deus exaltado, soberano, Senhor da história e da sua história particular. O louvor não produz nada, ele é sempre o resultado, o fruto dos lábios que confessam o nome do Senhor. Davi não está louvando para esquecer seus problemas ou para acalmar seu coração. Ele exalta a Deus por saber que Ele continua sendo Deus apesar de sua situação não ser favorável.

Sua experiência pessoal com Deus lhe permite confiar em seus atributos maravilhosos: misericórdia (v.1, 3), fidelidade (v.3), soberania (v.5). Deus se revela, se envolve, se apresenta. Embora haja dias em que Ele parece estar escondido em algum lugar da imensidão do Universo, podemos firmar nosso coração da certeza de que ele nunca esquecerá seu amor e cuidado pelos seus.


Portanto, quando a gente precisa entrar na caverna, mesmo que fugindo de pessoas más que não querem o nosso bem, temos a garantia de que ali a misericórdia e a fidelidade de Deus estão conosco. O segredo é manter firme o coração em Deus. Isto é praticamente a única coisa que podemos controlar enquanto o mundo se vira contra nós. Davi não podia controlar o coração e os impulsos de Saul, mas podia controlar os seus. E decidiu não abrir mão desta decisão. 

Um comentário:

  1. Amado irmão, obrigado por esta mensagem de refrigério, num momento tão difícil em meu ministério! O Senhor seja sempre contigo.

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